Como boa parte dos músicos do Brasil, Rick Bergamo tocava na noite de Campo Grande e sobrevivia da música. Com a pandemia, seus recursos quase se extinguiram. Tocando em pouquíssimos lugares, o artista estava complementando a renda construindo amplificadores – equipamentos os quais sempre foi apaixonado – e acabou aprendendo a fazê-los. Na madrugada deste sábado (26), entraram na oficina dele e furtaram tudo.
“Levaram as ferramentas que uso para fazer os amplificadores e tudo que tinha lá. Ficou muito complicado. Era este trabalho com os amplificadores que estava suprimindo, pelos menos ajudando a pagar as contas”, lamenta. Com isso, o que já está extremamente penoso entrou em declínio. “Ficou muito complicado porque eu não estava tocando muito. Com todas as restrições impostas pelos governos diante da pandemia, os recursos caíram demais. Os cachês diminuíram um absurdo e a renda geral quase desapareceu”, avaliou.
O prejuízo é imenso e as pessoas começaram a se mobilizar para ajudá-lo financeiramente ou com equipamentos. “Roubaram tudo, cara! Desde chave Philips velha, máquina de cortar , tico tico, ferro de solda, furadeira, multímetro, tudo que tinha a ver com eletrônica não tem mais. Levaram até o fio de solda. Material para fazer a confecção dos amplificadores, não tem mais”, desabafa. Bergamo reforça que só precisa do que vai atendê-lo e se passar disso vai ajudar outras pessoas.
qualidade pelo Brasil
Bergamo acentua qu
e sua “sorte” é que os equipamentos que faz são por encomendas e, por isso, não possui um estoque de componentes muito grande. “É uma coisa simples. É muito artesanal ainda. Não é uma empresa. Eu quero melhorar isso, inclusive queria muito ter maquinários melhores. Mas, o prejuízo chega a mil reais para poder comprar tudo de novo em um momento em que não posso”, analisa.
Isso não significa que não tenha qualidade nem clientes. Pelo contrário, Bergamo tem amplificadores vendidos até para outros estados como Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Rio De Janeiro. Sozinho, ele fabrica um por mês. Com a COVID-19 instalada, ele perdeu 70%. “Gosto muito de tocar à noite, meu principal desejo é voltar a tocar no cenário noturno, mas não vou largar de fazer os amplificadores. O tipo de amplificadores que faço são muito específicos, principalmente para gaita. A fabricação é como nos anos 1950. São amplificadores feitos com válvulas. É tudo realmente artesanal, feito ponto a ponto, com carinho para cada cliente. Nada é industrial”, explica.
Quem quiser ajudar, afirma Rick Bergamo, pode entrar em contato (67 9 9136-5055 whatsapp) e doar ferramentas velhas. “Porque eu tinha ferramentas que era da casinha da minha avó. Uma chave de fenda simples, toda velha e entortada, que minha avó guardava há 30 anos e eu usava. Faço os amplificadores em uma mesa que o finado meu avô fez à mão. Não são só as ferramentas, tem toda uma questão sentimental envolvida. A furadeira nem era minha. Era emprestada do meu pai”, revela. Rick.