As tarjas são classificações visuais do grau de risco que um medicamento oferece aos pacientes. As tarjas pretas expõe maior perigo à saúde, pois apresentam mais contraindicações e efeitos colaterais e por isso, há necessidade de prescrição médica.
Tarja Preta é uma droga ácida e difícil de ser engoliga por escancarar verdades incovenientes demais para serem digeridas rapidamente: dentro da sociedade brasileira há um extermínio acontecendo bem debaixo dos nosso olhos!!! No Brasil, a cada 23 minutos um jovem negro é morto violentamente! E isso é somente a ponta do iceberg desta história. Tarja Preta não é e nem se propõe a ser uma peça, uma parte, fragmento e porção na luta contra o racismo. Tarja Preta é a engrenagem completa na luta pela existência.
O espetáculo reuniu histórias distintas mas que se cruzam em um lugar comum: O desejo de ser.
No meio de tamanha violência e silenciamento, há quem resista e quem se reinvente. Há os que flertam com a loucura, os quem se vendem por tão pouco e os que nem todo luxo do mundo é capaz de comprar. Há os que se vendem por luxúria, os que entregam aos vícios e há os famintos pelo poder. Há quem se vista da moral, da família e da religiosidade. Há quem tenha medo de encarar os próprios demônios diante da plateia. Ou do espelho.
Os filões desta história são representações do que existe de mais belo e imundo na humanidade. Por trás de cada personagem há uma história que vai além do dualismo maniqueísta.
Este é também um convite a não se contentarem somente com o que é visto em cena: esmiucem as entrelinhas!
Tarja Preta convoca a todos a não somente não tolerar a violência e o preconceito, mas a combate-los.
O uso de Tarja Preta prevê doses diárias de consciência e teimosia. Uma boa overdose a todos, ou melhor, bom espetáculo!