O porque essa viagem é um sonho, e preciso da sua ajuda....
Desde de criança transito por lugares de contrastes extremos, das áreas mais pobres, as mais ricas da cidade do Rio de Janeiro. Sou nascida e criada entre as favelas do Chapéu Mangueira e Babilônia, onde moro há 30 anos, no bairro do Leme, zona sul do Rio de Janeiro.
Ainda na infância comecei a estudar no Colégio Pedro II do Humaitá, instituição pública de ensino que se destaca pela qualidade. Nesse momento passei a frequentar lugares opostos, favelas da zona oeste, e casas de colegas de escola no humaitá, botafogo,leblon, com pessoas de fonte de renda maior e menor que a minha. A partir daí, de maneira inconsciente, comecei a absorver novos códigos, que não se limitavam apenas a regras de convivência e educação, mas também a códigos relacionados a maneira de vestir. Entendi que na visão da minha vizinha, um jeans apertado e curto tinha um sentido de valorizar a beleza, mas para a mãe da minha coleguinha de escola o mesmo jeans deixava essa mulher vulgar.
Desta forma ao longo da minha adolescência e início da vida adulta, amadureci um senso estético que teoricamente me ´´disfarçaria`` daquele estereótipo de mulher preta favelada, que aprendi durante a infância, principalmente na TV, serem características que eu deveria me envergonhar, esconder. Como meu cabelo crespo, e o pavor em ter nariz de ´´batata´´ e usar o pregador de roupa pra prender e afinar... Involuntariamente, absorvi o entendimento que ao assumir uma estética que foge do meu natural, me faria livre para transitar entre qualquer lugar sem ter minha origem de favelada identificada.
Porém, entre o final da adolescência e início da vida adulta durante minha graduação em Design de Moda na Puc-RJ, onde fiz o curso com 100% de bolsa, passei por 3 episódios de racismo em sala de aula. Assim compreendi que não importava o quanto eu estivesse disfarçada de não favelada, ou não negra ao alisar o cabelo por imposição e não por opção. As pessoas que me cercam iriam sempre me lembrar de maneira positiva ou negativa quem eu sou, e o que represento. Foi aí que me dei conta que eu não iria conseguir ter autonomia de escolha para ocupar o lugar que eu quisesse no universo, me comportando como uma pessoa que eu não sou.
Assim comecei a me apropriar da realidade de ser eu. Fez-se necessário me conectar com minha história, minha essência, pra valorizar todo dia o que a sociedade insiste em anular ou diminuir. Dessa angústia de me sentir calada, apagada todos os dias por conta da minha origem e da minha estética, nasce a pesquisa Racismo é Estético que será apresentada na Universidades de Manchester através da 1st International Creative Image 2018 Residency Conference, de 21-27 de setembro ( link do site da recidência https://bit.ly/2B7IiGN )
Fui selecionada para a Creative Image 2018 Residency, que é uma residência artística internacional com 15 pesquisadores e artistas visuais de todo mundo, que acontecerá em Leeds, e terá 2 dias de conferência com apresentação de nossos trabalhos de grupo e individual na Universidade de Manchester.
Essa viagem ganha status de sonho por ela acontecer através do meu trabalho, a pesquisa Racismo é Estético que surge da angústia cotidiana de uma mulher preta de favela ao querer trabalhar com moda e não achar referências e encontrar preconceito antes mesmo de entrar no mercado, na universidade. Link do primeiro trabalho de materialização dessa pesquisa Vale Longo ( link do vídeo https://bit.ly/2OAv4UT )
A pesquisa Racismo é Estético se inicia com a análise da representação do corpo negro através dos pinturas resultantes da Missão Artística Francesa liderada por Debret , que também retratam e a ocupação da Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro através do Mercado de Escravos no século XIX . Também abordo os artifícios duvidosos da criação do racismo científico por Samuel Morton na primeira metade do século XIX, entre outro tópicos. E trago esse fenômeno atual de branqueamento brasileiro que é a novela das 21h da Rede Globo, ´´Segundo Sol`` que tem sua trama toda passada na Bahia, o estado com 80% da população se autodeclarando negra, e na trama de 44 atores , apenas 4 são negros.
Compreendi que a minha história de vida, a forma que interpreto as situações do meu cotidiano, e externo de modo verbal ou na construção estética, me tornam única! A minha origem não limita o que eu quero, ou o que posso ser, mas interfere diretamente na maneira que me apresento em meu dia dia, minha linguagem pessoal e como designer e artista. Enxergar o contraste caótico social, econômico e cultural como algo positivo no meu dia dia, foi o primeiro passo para começar a desenvolver minha linguagem, e questionar regras básicas que estão implícitas em nosso cotidiano.
Por isso além do tempo na residência, planejo ficar mais 3 semanas na Alemanha em uma imersão profissional e encontros acadêmicos em instituições de ensino que pretendo estudar em breve. Fiz uma planilha de custos descrevendo todos os gastos:
Meu sonho é que a estética seja uma plataforma que incentiva a auto descoberta, e fortalece a propriedade que cada um tem de ser protagonista em sua própria história, independente das práticas de anulação do outro. Desejo como pesquisadora e designer, produzir imagens que proporcionam autonomia para que as pessoas simplesmente sejam, e me ajudando tornar essa viagem real o caminho para a concretização desse sonho se torna possível.
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FAVORECIDO: Gabriela Monteiro de Oliveira Silva