Então, já se passaram 2 meses e a gente continua isolado. Cada dia esperamos a chegada de uma notícia boa mas.. ainda não é o momento. Uso de álcool gel, máscaras, cada dia a notícia de mais um caso, mais uma morte, de uma cidade vizinha contaminada, bloqueando tudo ... o comércio. A gente achou que em um mês ia estar tudo resolvido, que iria estar tudo bem, mas não, não foi assim que aconteceu. Fim de março, abril e maio nós conseguimos segurar as pontas com a primeira vakinha que fizemos, com algumas doações espontâneas e agora vamos ter que fazer um novo chamamento. Ainda não conseguimos fazer nossos eventos que geram uma grande parte da receita do mês, não conseguimos coletar e vender tampinhas em quantidade que também é outra parte da nossa arrecadação. As escolas, as crianças que são nossos principais parceiros estão todas em casa e em casa a gente não consegue fazer milagres. Então, o que vamos fazer hoje é um novo chamamento, uma vakinha para junho e julho para continuar honrando nossas contas. Não podemos deixar de ter as contas em dia, o trabalho é sério, as responsabilidades são muitas e temos que continuar. Como eu disse outras vezes, os animais não tem consciência nenhuma do que acontece lá fora, amanhece e eles querem comer, eles precisam dos remédios, eles precisam de água.. Graças a Deus agora está chovendo, mas até os campos voltarem a ficar verdes, vai demorar um tempo, se a geada não for forte demais.. Inverno no Sul judia dos animais, das plantações e das pessoas. As restrições, agora só podemos sair de casa de máscara, dentro dos mercados e estabelecimentos a gente mal reconhece as pessoas e essa é a nossa realidade. Estamos em maio de 2020. Temos conseguido fazer o básico, de tratar os animais da melhor maneira possível, vistoriar todos os campos que temos emprestados ou arrendados, honrando nossos pagamentos, e ainda conseguimos ajudar as famílias que ficaram sem seus cavalos. Arrecadamos durante o mês todo e depois vamos passando de casa em casa e abastecendo as pessoas com comida, com coberta , com calçados, casacos, alguns utensílios domésticos. Levamos ração de cachorro, casinha, vacinas, remédios para pulgas, para sarna, vermífugos.. tudo o que conseguimos arrecadar, vamos distribuindo. Assim como nós recebemos ajuda, também devemos fazermos a roda girar, auxiliando os outros porque no fim das contas todos nós temos necessidades e todos nós somos irmãos. Precisamos ser solidários e um ajudar o outro porque a gente vê, num momento como esse, de vírus e pandemia, nós somos todos iguais. O vírus não escolhe o rico, o pobre, o negro, o amarelo, o branco, no fim das contas nós somos todos pessoas em busca de viver melhor, de nos sentirmos melhor, de sermos mais amados, acho que esse é o sentido da vida. É por isso que a gente está aqui, para evoluir como pessoa, como sociedade, como família, como comunidade, Evoluirmos e sempre cuidando dos animais, que são nossos parceiros mais próximos. Que eu sempre digo, os inocentes.. que não tem culpa de como a gente tem transformado o mundo porque essa seca é um reflexo das nossas atitudes, o vírus é um reflexo das nossas atitudes.. então que esse seja um momento de pensar. De pensar como a gente olha para o outro, sendo ele humano ou animal. Então, continuamos sempre em frente, e esperamos poder contar com vocês por mais um período. Muito obrigada por enquanto e a gente segue se falando, sempre.