RS em alerta: DOE direto para a periferia

A iminência de um novo desastre atinge o RS no momento em que instituições celebram conquistas em doações e projetam o futuro. O Coletivo Autônomo Morro da Cruz aumentou a sua meta porque no aplauso coletivo de uma vitória não obtida, nossa mão  estendida se destaca pedindo recursos para sustentar projetos de longo prazo que exigem uma ação continuada de educação.

Somos de Porto Alegre, e há cinco anos trabalhamos com crianças e jovens. Estamos ao longo de uma série de morros de onde águas turbulentas fluem rumo ao Guaíba a céu aberto, sem tratamento, recebendo esgoto in natura que flui até um ponto no qual a água para consumo de bairros ricos e pobres da capital gaúcha é coletada para consumo. 

Não estamos em palcos ensinando lições da enchente, porque a maior delas quem deu foi cada ser humano que acreditou e contribuiu com a maior onda de generosidade já vista em tempos de paz no planeta Terra. 

A enchente também nos afetou. Passaram-se quatro meses e ainda estamos nos adaptando e criando novas ações com a intenção de entender e fornecer ao imenso público que atendemos as ferramentas para criarmos uma nova estrutura, mantendo projetos de inovação, acolhimento, justiça social e respeito ambiental.  

Somos mais que uma só favela. Somos várias, segundo a classificação do IBGE. Mas somos coletivas, autônomas e estamos dando às vítimas da enxurrada de maio móveis e equipamentos eletrônicos que nossa experiência organizada de cinco anos já nos deu. Mas buscamos novos conhecimentos e recursos para não só manter os projetos que atendem dezenas de jovens diariamente, mas contribuir com a cidade revelando detalhes fundamentais da nossa peculiaridade geográfica, que tem impacto significativo na vida urbana.

Chuvas intensas atingem o Rio Grande do Sul quatro meses depois do maior desastre climático da história do Brasil. Não somos uma start-up que pretende replicar modelos de negócios. Somos uma organização da sociedade civil sem amarras para, por exemplo, se adaptar à realidade que 2024 escancara de diferentes modos para o Brasil e o planeta.

Talvez a coincidência da iminência de um novo desastre causado por fortes chuvas acontecer em um momento no qual muitas entidades celebram um presumido avanço ajude a revelar a imensa porém sutil desigualdade. 

O Coletivo Autônomo Morro da Cruz também acredita no poder da solidariedade e se emocionou com a generosidade mundial que emocionou os gaúchos. Por isso, buscamos apoios e doações de empresas gaúchas neste novo momento. Obtivemos relevante atenção de empresários de fora do estado e de outros países.

Mas também acreditamos no poder individual da generosidade. Na ação do indivíduo de entender que a primeira grande onda financeira não chegou de maneira massiva a ONGs como a nossa, o que não nos impediu de irmos além do nosso território. 

Não pensamos apenas em uma solução imediata, mas na própria reestruturação do modelo de atuação e de parcerias. Acreditamos que os acontecimentos de 2024 aqui neste pedaço do planeta nos obrigam a criar novos caminhos para acelerar as óbvias, necessárias e sempre mencionadas justiça social e respeito ao meio ambiente. 

Seja um doador e venha ver as transformações. Conheça as ações do Morro da Cruz. Divulgue. Participe. Um dia pode ser que aplaudam o que foi feito agora e tenha inspirado mudanças reais. Mas não seremos nós a aplaudir.

PARA RELEMBRAR

Acreditamos que os exemplos que construímos MORRO ACIMA e agora fluem morro abaixo na forma de apoio a comunidades atingidas pelas cheias representam o espírito de solidariedade contínua após a tragédia climática de 2024.

Ao doar para o Coletivo Autônomo Morro da Cruz, você apoia uma instituição que preza pela transparência e tem reputação consolidada na formação de crianças e jovens e na transformação da comunidade em que vivem mais de 40 mil pessoas de baixa renda em Porto Alegre. Temos foco em educação cidadã, inovação e contribuição com a criação de um novo modelo de gestão de recursos que priorize as mudanças climáticas, começando pelo território que habitamos.    

Nossa história

O Coletivo Autônomo Morro da Cruz nasceu de uma década de ações voluntárias realizadas por moradores de uma comunidade periférica de Porto Alegre. O crescimento urbano empurrou-a colina acima, entre morros carentes de serviços públicos essenciais. Há cinco anos, virou uma respeitada ONG, com governança exemplar e padrões de transparência elevados. Desde então, desenvolve uma série de projetos sociais que transformam vidas e fortalecem os laços comunitários, consolidando sua reputação e obtendo reconhecimento nacional.

O trabalho pós-enchente

Durante a catástrofe climática de maio de 2024, o Morro da Cruz adaptou-se rapidamente ao cenário e — berço de nascentes de arroios e historicamente castigado por enxurradas — reformulou ações para prestar auxílio às demais comunidades afetadas. Seguem dois exemplos:

1- Uma oficina de marcenaria, por exemplo, passou a produzir rodos para remover a lama pós-inundação e agora fabrica móveis para famílias que perderam tudo. 

2- O Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC), projeto essencial na formação tecnológica de jovens, trabalha neste momento na recuperação de mais de 200 Chromebooks danificados pelas enchentes em escolas públicas, com limpeza, conserto e devolução às escolas espalhadas pela Região Metropolitana. 

A ONG também oferece projetos para crianças e jovens em música, inglês, IA, preparação para o mercado de trabalho e apoio psicológico às famílias, ajudando a definir prioridades e promovendo o desenvolvimento integral da comunidade.

Estamos em uma comunidade periférica, vulnerável e instalada sobre um espaço sinuoso e entrecortado por arroios cuja contribuição para o ecossistema urbano é fundamental para elaborar qualquer ação de médio prazo. 

Impactamos vidas graças à confiança e a generosidade de nossos doadores.