MENU
A partir de 18 de novembro, no Teatro Gregório de Mattos, três homens estarão em cena preparando um jantar a ser servido em cumplicidade com a plateia. A ação concreta: cozinhar. Teatro e Gastronomia. Cena e prato. Corpo e comida. O pecado capital mais saboroso está no palco: a gula. São tantas e belas as faces do desejo de comer e de ser servido!
Nossa voracidade está estilhaçada em mil espelhos cheios de eco e temos bocas impetuosas em cada poro da pele. O olhar, por exemplo, já é um remate de deglutição, e a escuta talvez não passe de outra modalidade do engolir. Ser humano é ser guloso; o fastio, um indício de inumanidade.
Pelo tédio, se induz à inânia e esta implica menos a recusa do alimento e mais a negligência frente ao brilho dos segredos. O apetite se difunde pela mente como irresistível disposição à clara dúvida que nos presenteia a cultura, engendrando vida.
Os alarmes do corpo servem-nos ao delírio e ao desejo de devorar. Assim foi, assim tem sido. MENU expõe prazeres do ato de comer maiores que a necessidade; tornamos a comida e a mesa territórios do invento; tecemos a palavra e o gesto na mimese do sentido; soubemos o mundo na descoberta do gosto.
Em um aprofundamento na pesquisa de teatro documentário, o espetáculo tensiona atores e colaboradores, convocando o público a uma experiência cênica que mistura teatro, performance e gastronomia para refletir sobre a erotização do corpo, os arrochos da mídia, as gavetas sexuais e os tabus sócio-político-familiares.
Em cena, Luiz Antônio Sena Jr, Breno Fernandes e Maurício Pedreira, sob a direção de Thiago Romero, expõem-se no instante real, preparando um prato que, servido à plateia, embaralha os sentidos e a lógica da degustação: dos olhos à boca, o caminho nem sempre é direto.
Em processo horizontal e colaborativo de criação, a dramaturgia é assinada por 04 dramaturgos: Paula Lice, Daniel Arcades, Rafael Martins e Gil Vicente Tavares, que como chefes de cozinha, apresentam um menu de cenas a partir de ingredientes oferecidos pelos atores no processo em andamento.
A cenografia-instalação de Erick Saboya corrobora com a presentificação do instante e sublinha a poética da comida como ato de exposição de interesses, encontro de poderes e margem de pactos.
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Todavia, desde a escolha dos ingredientes cênicos até o ato de servir o espetáculo no prato do público, temos demandas. E como em qualquer outro projeto artístico e profissional, precisamos de financiamento, visto que a realidade da montagem do Menu é na coragem e no afeto, sem editais, patrocínios de empresas... só na captação miúda.
Mas sem deixar que isso impeça as inspirações e as fomes de ação no palco dos vários artistas envolvidos no espetáculo, viemos aos nossos amigos, parceiros, futuro público interessado e também aos simpatizantes do fomento à arte, pedir aquele apoio.
Façamos uma vaquinha! Ajude-nos a cozinhar esse projeto da forma que ele precisa e merece. De nossa parte, garantimos que todos aqueles que contribuírem financeiramente estarão em nossa lista amiga de meia-entrada (para isso, basta identificar-se com documento com foto no dia de comprar ao ingresso). Todo apoio em doações será bem-vindo assim como toda força que vem daquele “compartilhar”.
O Menu é um projeto que nasceu de amigos, na necessidade de organizar e exteriorizar vontades e urgências, e de outros muitos também amigos que acreditam que vale a pena se dedicar a esse preparo.