A campanha é o pré-lançamento do livro 'Manual de como trançar rumos', sobre as memórias de 50 anos de Andrelina Amélia Ferreira, a Andreia MF - líder comunitária, trançadeira, rapper, líder do movimento Mães do Cárcere e defensora pública popular em Praia Grande (SP).
Toda a arrecadação será para financiar serviços de edição e gráfica da tiragem do livro pela Imaginário Coletivo, a ser lançado até janeiro. A obra de Andreia tem pesquisa de Lincoln Spada, fotos de Linda Leão e ilustrações de Isabela Sessa. Acesse a sinopse e recompensas (produtos) disponíveis nessa campanha!
Vieram ao mundo o AI-5 e a Andreia, essa da Zona Sul paulistana. Caçula de um foragido do Esquadrão da Morte e de uma doméstica recém-convertida, cresceu em um barraco de copos com lágrimas, ecos das agressões à mãe, e ratos a brincar após enchentes. Logo perde os velórios dos pais: já em casas separadas, falecem entre 40 dias.
O seu corpo a adolescer sofrerá todos os estigmas. De pueril bullying escolar até pedofilia, séries de estupros coletivos, assédio sexual e condenada a linchamento. Mais tarde, amargaria década de traições, violências domésticas e engravidaria ao visitá-lo em pleno Carandiru. Entre os becos, um revólver na mão daria vazão ao instinto de sobrevivência, proteção. Um senso a render anos de pequenos furtos de mercados, meses gerenciando uma boca, dias de vender carícias pelo café seguinte.
A reviravolta se deu encarcerada em razão de tentar salvar uma vítima de pedofilia da vizinhança (e lá ia imaginar que o agressor era bem relacionado?). Mais do que viver 15 anos sem dentes pós-tortura da PM, ela se vira naquela menina. E Andreia ama crianças, teve cinco gestações - quatro de um mesmo cônjuge. O primeiro levado por parentes; um, aborto; outro, não vingou prematuro; ainda aquele que faleceu atropelado. Vive com o mais novo e é mãe de vários pelas ruas da comunidade no litoral.
É que a rotina de rapper e cabeleireira é pouco àquela que se tornou defensora pública popular de reintegração de posses até mediar vagas em SUS e creches. O que recebe de um comércio se divide em dezenas de cestas básicas para a comunidade. Antes, a garagem vazia era acrescida de filhos do bairro em domingos de hip hop. Hoje Andreia visita presídios femininos para depor pela autoestima às mulheres e, nos masculinos, pleiteia a dignidade das famílias de encarcerados. Podia ser tudo na vida, virou farol.
Esta campanha visa financiar serviços de edição e gráfica do livro. Neste pré-lançamento, todos os doadores acima de R$ 30,00 recebem uma recompensa a partir de dezembro! Confira as opções de produto e, assim que efetivar a doação, os organizadores contatarão por e-mail e/ou celular a fim de definir qual a opção desejada de produtos: