Está só na lembrança a imagem de dona Maurina dos Anjos Oliveira, de 89 anos, passeando entre as plantas do quintal onde viu seus nove filhos crescerem, na avenida Princesa Isabel, bairro Banco Raso, em Itabuna. Ao redor, a casa cedida (apenas de forma verbal) há mais de 60 anos ao saudoso marido dela, seu Casé – um dos operários do grupo Kaufman.
A mulher viveu naquela morada, onde lavou roupas para contribuir com a renda da família, regou plantas e aprendeu sobre a arte de educar os meninos e meninas que trouxe ao mundo. Mas um dos filhos dela, inadvertidamente, um dia assinou um contrato de aluguel. Aí começou um processo de despejo, fruto de vários recursos (em diferentes instâncias).
O desfecho teve dezembro de 2020 como marco. Dona Maurina só tem um dos nove rebentos vivendo com ela. E decidiu não mais lutar na Justiça pelo espaço onde construiu a família e vivia cercada de vizinhos/amigos. “Era a batalha dos Kaufman contra os Oliveira”, definiu, assim que buscou alugar uma casa no mesmo bairro e antecipar-se ao constrangedor despejo.
Vale lembrar que outras casas foram igualmente cedidas a operários naquela rua. Como nenhum assinou qualquer documento que remetesse a aluguel, não houve caminhos legais para o mesmo desfecho a que dona Maurina foi submetida.