A MÚSICA PÓS-COQUETEL DE MARIA SIL
A cantora trasvestigênere Maria Sil lançou em 2017 o EP Húmus. Suas letras abordavam questões relativas à sua vivência com o vírus HIV, afetividade LGBTI, e sua leitura política do Brasil daquele ano. Seu trabalho chegou aos ouvidos de Elza Soares sendo elogiado pela grande artista, além de ter sido objeto de análise e citado em trabalhos acadêmicos de universidades brasileiras e do exterior.
‘’A obra de Silvino, de autoria da cantora, sob alcunha homônima, segue na construção de outro olhar para a vivência e convivência com HIV, cuja reelaboração se dá uma forma de estabelecer construção outra para a positividade e não apontando para a morte e desespero, temática muito comum nas obras musicais que voltaram ao tema...’’.
FARIA, Marcos Fábio de. A língua é o vírus: HIV e AIDS na literatura brasileira pós-coquetel. In: Wilczyńska, Aleksandra et. all. Vozes nas margens: correntes e contracorrentes no espaço da língua portuguesa. Proceedings... Vozes nas margens: correntes e contracorrentes no espaço da língua portuguesa, 25 de abril de 2018,Faculdade de Línguas Modernas da Universidade de Varsóvia: Varsóvia, 2018. [s.p.] (no prelo)
Atualmente a cantora está em estúdio sendo produzida pela produtora musical Malka. O EP "A carne, a língua, o vírus" aprofundará a visão política e social da artista sobre o seu próprio corpo e o diálogo deste com um país que vive a chegada da extrema-direita ao poder, o desmonte do Departamento de ISTs, Aids e Hepatites Virais, e a busca por afetividade trans-positHIVa.
A CARNE, A LÍNGUA, O VÍRUS
O EP “A Carne, A Língua, O Vírus” está sendo produzido pela produtora musical Malka. Neste trabalho a cantora Maria Sil aprofundará sua visão política e social sobre o seu corpo e o diálogo deste com um país em crise, ascensão da extrema-direita ao poder, desmonte do Departamento de ISTs, Aids e Hepatites Virais, e a busca por afetividade trans-positHIVa.
O EP será também visual com criação de conteúdo visual.
Até o momento este trabalho possui duas músicas: Silêncio e Manchetes de Jornal.
TRAVA BUSINNES
O trabalho será produzido e distribuído pelo selo musical Trava Bizness
Idealizadopela artista Malka, e focado em oferecer serviços de produção e finalização de qualidade para travestis, mulheres trans, homens trans, pessoas não-bináries.
* As letras que serão gravadas:
RODA DE CONVERSA SOBRE ARTE PÓS-COQUETEL
Para as contribuições acima de R$ 200,00 será ofertada a oficina "Arte pós-coquetel como ferramente de prevenção" ministrada pela própria artista que apresentará o conceito de arte pós-coquetel utilizando trabalhos artísticos para abordar a epidemia de HIV/Aids.
SILÊNCIO Que o caminho se abra Senão a gente abre com faca Meu corpo é faca, fome, fala que não cala Sou dinamite, explosão Conta minada Um corpo vivendo a solidão Que o caminho se faça Cana a gente descasca Com a boca aberta amassa, chupa, suga o caldo Segure firme em minha mão Que a chuva não vai parar E a estrada da cidade trans-borda
A estrada é a piscina da poeta Eu sou epidemia de amor Negada pelo teu desprezo Eu sou ódio plantado na ausência Do estado que plantaram em mim Litrão barato Sonhos raros Caros eles riem Há quem pense Outra cidade Num bar da Silva Jardim Desempregados
Suicidados
Pelas reservas o pré-sal
MANCHETES DE JORNAL
Guerra discursiva e ideológica
Nossos corpos são presas políticas (2V)
“O DOSSIÊ secreto da Aids
“A misteriosa doença dos homossexuais”
‘’CÂNCER GAY’
“TRAGÉDIA VENÉREA: o mal dos homossexuais americanos”
“A praga gay no Brasil”
“O mal ganha terreno”
‘’41 mortes em dois anos”
Guerra discursiva e ideológica
Nossos corpos são presas políticas (2V)
‘’AIDS- o mal do século ‘’
‘’PESTE GAY JÁ APAVORA SÃO PAULO’’
‘’Polícia civil combate a Aids prendendo travestis’’
“Quem tem medo da Aids?’’
“A AIDS chega ao Rio”.
“SIDA OU AIDS AMEAÇA BRASILEIROS”
‘’AIDS é castigo de Deus porque bicha é uma raça desgraçada’’
‘’Uma vítima da AIDS agoniza em praça pública ‘’
Guerra discursiva e ideológica
Nossos corpos são presas políticas (2V)
“Brasil: as novas vítimas da Aids”
“Preconceito e superficialidades dificultam entendimento da AIDS”.
‘’NA ALEGRIA E NA DOR: em grupo ou individualmente multiplicam-se as iniciativas de apoio às vítimas da Aids’’
“Morre o Departamento de Aids no Brasil: avanço da necropolítica’’
CONTRAPARTIDA: LIVRETO DE PROCESSO DE CRIAÇÃO
A contrapartida para as contribuições para a realização do EP será um livreto manuscrito sobre o processo de criação do trabalho.