Contribua com a produção do documentário da banda pós punk carioca: Black Future. Nesse documentário gravaremos 4 música que não entraram no unico disco lançado da banda nos anos 80.
O documentário Futuro Negro fará um retrato da banda 30 anos depois, com entrevistas, músicas e a relação da banda com o centro da cidade do Rio de Janeiro principalmente com a Lapa.
O Black Future surgiu num momento em que aquilo que vai ser conhecido como Rock Brasil estava dando seus primeiros passos. Era o segundo semestre de 1984. Havia muito pouco espaço para manifestação alternativa e não convencional, marcas que fundamentam a trajetória do grupo.
A banda teve como locus de criação/inspiração a Lapa, onde Satanésio, cantor e letrista, morava. Era nesta localidade que eles buscavam a matéria-prima para as composições. No diálogo com tal realidade, de maneira paradoxal, construíram a música que vai dar nome ao disco e que acabou sendo uma espécie de anti-hit: Eu Sou o Rio. Um samba, misturado com rock (ou um rock misturado com samba?). Era no ambiente mítico da Lapa, cujo entorno transgressor marcou como signo a estética poético-musical do Black Future, em que as quatro “tristes figuras” mapearam as contradições de seu tempo. “No fundo, o nosso trabalho é uma trilha sonora para o Rio”, diz Satanésio, para O Globo, em julho de 1988.
No RJ, assíduos do Circo Voador, o Black ainda tocou no Canecão, Parque Laje, Noites Carioca, Titanic, Teatro Ipanema, em praças e bares. Em SP, Madame Satã, Sesc, Ácido Plástico, Espaço Mambembe, Centro Cultural São Paulo.
O núcleo – Tantão & Satanésio – manteve-se sempre ao longo desta caminhada, com Olmar e Edinho completando definitivamente a formação que deu origem as composições do disco Eu Sou o Rio, que, segundo a crítica especializada, foi considerado o 4º melhor disco do ano de 1988, batendo trabalhos como Bora-Bora, dos Paralamas, Ideologia, do Cazuza, Carnaval, do Barão Vermelho e a 8º melhor música (Eu Sou o Rio). Produzido por Thomas Pappon, o LP ainda teve as participações especiais de Edgar Scandurra (Ira), Paulo Miklos (Titãs), Edu K e Biba Meira (DeFalla), Nelson Milesi (Kongo), Ronaldo Pereira (Finis Africae) e Alex Antunes (Akira S e as Garotas que erraram).
Usaram a bateria eletrônica e tapes pré-gravados, causando profundo estranhamento, pois foi no período em que o modelo que reinava absoluto era guitarra, baixo e bateria acústica. E misturaram sons, como samba e rock, numa época que tal gesto era explorado por muito poucos. Tom Leão, crítico musical do jornal O Globo, explicita tal visão, no Rio Fanzine: “Não existe na história da música pop/rock brasileira um disco sequer parecido com o primeiro e único lançado pela banda carioca Black Future, “Eu Sou o Rio” (BMG/Plug, 1988). Bem como, até hoje, não apareceu banda similar. O som e o conceito Black Future desafiam exemplos. Era uma banda/projeto, que não fazia exatamente música, mas sim acompanhamentos de fundo para letras não cantadas, e sim declamadas (mas não rapeadas).”