VAMOS CUIDAR DE QUEM SEMPRE CUIDOU DA GENTE? - essa Vaquinha é para todas as diaristas do Brasil e não tem nenhuma afiliação com a UmHelp.
Meta: Doar R$450,00 para 110 diaristas pelo Brasil. Para isso precisamos coletar R$55.000,00 (descontando as taxas do site e bancárias) e indicações de diaristas que precisem de ajuda (não precisa doar para indicar, caso você seja uma diarista também indicar você mesma).
Diaristas que já receberam ajuda: 100 (25/06)
Fala, Brasil! Queria 2 minutos do seu dia, já que você provavelmente está em casa, para falar sobre a sua (e todas) as diaristas do país - que por sinal também estão em suas casas.
Meu nome é Daniel. No início de 2019, fundei uma empresa que intermedia serviços para diaristas, chamada UmHelp.
Ao longo do último ano me inseri profundamente no universo e rotina das diaristas de São Paulo, apoiando-as na prestação de serviços e dando suporte aos mais diversos problemas que surgem. E ao longo da última semana, percebi uma tendência desesperadora: com o avanço do coronavírus muitas diaristas e mensalistas foram dispensadas de seus serviços e estão sem pagamento! Afinal, dizem eles, não há nenhuma obrigação de pagar. Esse não é um serviço que elas podem fazer remoto/home office.
Apareceram algumas correntes muito bonitas nas redes sociais de pessoas dispensando suas diaristas e mantendo seus pagamentos, mas a triste realidade é que só posta quem está fazendo boa ação. Quem não faz, fica quieto. A verdade nua e crua é que a esmagadora maioria das diaristas e mensalistas do Brasil estão em casa sem serviços e sem renda.
Pela minha experiência, as diaristas trabalham diariamente para colocar comida na mesa e não conseguem ter economias. Cheguei a fazer uma pesquisa que apurou que elas gastam em média 80% do que recebem em até 3 dias. Estas mulheres estão em constante modo de sobrevivência.
O coronavírus é um risco à vida delas se continuarem trabalhando por ter contato com muitas casas e pessoas diferentes, além do trajeto longo em transportes públicos. Mas existe um risco muito maior para elas do que o coronavírus. O que ouvi de uma diarista no grupo de risco na quarta, dia 18/03, dispensa explicações: “esse virus ai é um risco que ta tendo agora, né? Mas se eu não trabalhar não é risco não, é certeza que semana que vem não tem janta nem pra mim nem pros meus netos.” Outra disse: “Muitas das diaristas, trabalham com medo, mas persistem para pôr comida na mesa e ter um teto para morar, muitas vezes com filhos.”
No Rio de Janeiro, a primeira morte confirmada de coronavírus foi de uma empregada doméstica que trabalhava para uma família que voltou da Itália com a doença. Eles não a dispensaram do serviço mesmo apresentando sintomas (fonte). Já está claro que o impacto nas comunidades e favelas será devastador (fonte). No Brasil, direito a quarentena é privilégio. - “Porque como é que um idoso vai entrar em uma situação de isolamento em uma casa com dez pessoas e dois cômodos?”
Isso não está certo, não pode ficar assim. As diaristas precisam do direito a quarentena, devem ficar em casa para se preservarem e evitar a proliferação do vírus, como todos nós. Mas também precisam garantir entrada de dinheiro. Sei que muitas empresas e negócios correm riscos existenciais e tem tido prejuízos milionários, mas, para as diaristas, essa crise pode ser questão de vida ou morte. Estou há dias pensando a melhor solução e entendi que não existe saída “oficial”. Precisamos nos organizar como sociedade, como algumas iniciativas lindas que temos visto, e começar uma corrente do bem que para alguns vai custar uma diária que estão acostumados a pagar e para elas é a comida e o remédio que não pode faltar. Somos todos humanos.
E ai, vamos cuidar de quem sempre cuidou da gente?
Qualquer doação é bem vinda, mas deixo a sugestão de doarem diárias!
1 diária = R$ 150,00 (valor médio de uma diária em São Paulo)
3 diárias = R$ 450,00
5 diárias = 750,00
10 diárias = R$ 1.500,00
Todo o dinheiro arrecadado será doado diretamente a diaristas e mensalistas que perderam suas fontes de renda com a crise e precisam se sustentar e sustentar suas famílias. Conheci centenas de diaristas ao longo do último ano mas tenho a esperança de que essa campanha tome proporções bem maiores por que tem muito mais diaristas precisando de ajuda. Portanto, qualquer ONG/Instituição/Fundação que atue com esse público e esteja disposta a ajudar na distribuição desses fundos, por favor, entre em contato comigo!
Prometo também fazer o possível para dar visibilidade ao destino e impacto dos fundos - vídeos e depoimentos das diaristas ajudadas, métricas de alcance e impacto social gerado, quantidade de famílias diretamente suportadas etc.
Por favor, me ajudem nessa missão. Vamos mostrar do que somos capazes, Brasil, e ajudar uns aos outros e quem mais precisa em tempos de crise. Elas sempre cuidaram de nós. Agora está na hora de nós cuidarmos delas. É hora de nos unirmos.
Você pode indicar uma diarista aqui.
Se possível deixe alguma informação sua que eu possa utilizar como referencia e para pedir ajuda caso não consiga entrar em contato com a diarista indicada.
Link para compartilhar: https://forms.gle/NcrefcPTkjSdVtpn6
Reparem que no texto inteiro eu uso as palavras no feminino, pois diarista é sim uma profissão majoritariamente feminina. De acordo com o último levantamento disponível do IBGE, referente ao final de 2019, temos atualmente ~4.6milhões de “empregados domésticos atuando na informalidade” (fonte) dos quais 97% são mulheres. Por mais que a estatística não destrinche, sabemos que são majoritariamente mulheres negras com baixa escolaridade, um perfil que tem envelhecido e engloba muitas pessoas do grupo de risco (seja por idade ou por doenças crônicas decorrentes dos anos de trabalho duro). A profissão como um todo é marginalizada, por mais que não haja razão para isso. A relação entre cliente e diarista/mensalista/faxineira/doméstica no Brasil não é como a de qualquer outra prestação de serviços, como deveria ser, ao contrário, é uma das maiores heranças escravistas ainda presentes na rotina do brasileiro. Do elevador de serviço ao quartinho da empregada.
Fontes:
Morte Coronavirus RJ: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/03/19/rj-confirma-a-primeira-morte-por-coronavirus.ghtml
Impacto nas Favelas: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51954958