Mato Grosso do Sul concentra a segunda maior população indígena do país. De acordo com dados do IBGE de 2010, os Guarani e Kaiowá compõem a etnia mais populosa, somando 42.409 habitantes. Essa etnia é considerada a mais vulnerável dentre os povos indígenas do Estado, devido à falta de terra, de saneamento básico, alimentação adequada, exposição à contaminação por agrotóxicos e ataques de pistoleiros.
Essa realidade atinge tanto às áreas reservadas quanto os acampamentos, este último nomeado pelos indígenas como retomadas.
Entre os anos de 2005 a 2008, a desnutrição infantil matou várias crianças Guarani e Kaiowá. Em um estudo mais recente, o relatório “O direito humano à alimentação adequada e à nutrição do povo Guarani e Kaiowá” (Disponível em : < http://www.cimi.org.br/pub/Relatorio_direito-alimentacao-Guarani-Kaiowa.pdf>), publicado em 2016, pela FIAN BRASIL e CIMI, elaborado a partir de uma pesquisa socioeconômica em três áreas indígenas, Guaiviry, Ypo’i e Kurusu Ambá, municípios de Aral Moreira, Paranhos e Cel Sapucaia, demonstrou que “ 87% das comunidades que participaram do diagnóstico não tinham, no momento da pesquisa, garantia nem mesmo da primeira dimensão do DHANA, que é o direito de estar livre da fome. Quando o estado de insegurança alimentar leve é também considerado, a violação se torna incontestavelmente grave: 100% dos moradores e moradoras das comunidades encontravam-se, no momento da pesquisa, em insegurança alimentar e nutricional”.
A Reserva Indígena de Dourados é ilustrativa da situação crítica dos povos indígenas de MS. A rede de abastecimento de água é mínima, um diagnóstico feito pelo MPF constatou nível abaixo do necessário para o consumo humano nas casas, além de diversas famílias sem acesso à água potável. A falta de abastecimento regular leva os indígenas a se valer de fontes insalubres, desde córregos até poços improvisados, que terminam por comprometer a saúde da população (Disponível em:< https://www.correiodoestado.com.br/cidades/familias-indigenas-de-reserva-em-dourados-sofrem-com-falta-de-agua/343377/>).
O coronavírus (COVID-19) é motivo de preocupação ainda maior para a população indígena, já que o Sistema de Saúde Indígena (SESAI) ligado ao Ministério da Saúde, enfrenta um quadro de problemas estruturais no atendimento. Verifica-se, que todos esses fatores são determinantes de impacto a imunidade dos povos indígenas de MS, principalmente no tocante aos Guarani e Kaiowá.
Dessa forma, com o risco do Coronavírus (COVID- 19) chegar até as comunidades Guarani-Kaiowá - sendo que as doenças respiratórias já são a principal causa de morte entre as populações nativas brasileiras - e diante da indiferença do Estado às situações vivenciadas pelos Guarani e Kaiowá, o Coletivo Terra Vermelha está arrecadando recursos para compra de alimentos, produtos de limpeza e higiene pessoal, que serão levados as comunidades mais vulneráveis, no intuito de ajudar na prevenção e proteção de contaminação do COVID-19.
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