Vivemos em uma sociedade oriunda de processos violentos de dominação humana, nos quais alguns grupos se intitulam superiores aos demais, como se viu – e se vê – no velho exercício do eurocentrismo, que dissemina a superioridade europeia, a excelência de sua cultura, a ideia de que seus povos foram e são fundamentais para a formação e para a manutenção da sociedade moderna, isto é, a sociedade do capital, incapaz, até hoje, de oferecer as condições básicas para a maioria da humanidade.
Desta forma, podemos entender que a dicotomia vigente em nossa sociedade – povos civilizados X povos incivilizados – não passa de uma falácia ideológica, em face do fato de ser a África o berço da humanidade. É desse lugar-origem que saiu toda a estrutura para a formação de outras culturas, embora europeus e neo-europeus, que beberam nas fontes africanas, teimem em não reconhecer o continente africano como sendo o primordial no processo evolutivo da humanidade.
Sendo assim se faz necessário refletir sobre a luta e resistência dos povos africanos que não aceitaram e se rebelaram contra o opressor europeu que, além dos sequestros criminosos que esvaziaram o nosso continente-mãe, obrigaram vários povos africanos a se deslocarem para outros continentes, a fim de servirem às necessidades do capitalismo em sua fase inicial, marcada pelo escravismo dos povos africanos e americanos. Não obstante toda essa ação de violação e brutalidade humanas, o povo africano, mesmo fora de seu continente, não deixou de lutar, resistir e continuar as tradições de sua cultura.
Com o Haiti não seria diferente. Invadido e ocupado pelos franceses, em 1625, o povo haitiano sofreu, durante três séculos, a bestialidade branca em seus corpos e nas suas almas. Povo altaneiro e amigo da liberdade, os haitianos não se curvavam. Em 1804, Jean-Jacques Dessalines forma um verdadeiro exército de haitianos e derrota as forças francesas. A Ilha passa então a se chamar Haiti – nome dado pelas primeiras populações indígenas de São Domingos, que significa “a terra das montanhas”.
Os haitianos pagariam um preço altíssimo pela sua liberdade. Os senhores de engenho se recusavam a entregar o país aos negros, preferindo destruí-lo. Queimaram todos os canaviais, dizimaram todo o gado e arruinaram os engenhos de açúcar. A “casa-grande” se vingava de maneira crudelíssima. Por outro lado, a Metrópole francesa envia tropas fortemente armadas que completam o serviço dos senhores do açúcar. No Haiti, o exército napoleônico pilhou, destroçou e cometeu um dos massacres mais violentos da história da França. À chacina da população e ao destroço do Haiti, se seguiria o bloqueio comercial imposto pelos franceses, além de uma dívida imensa e impagável. Isso explica a pobreza e a desolação do Haiti, em nossa atualidade.
Durante todo esse tempo, a França bem como os Estados Unidos tentam, num contínuo, sabotar o progresso deste país que resiste e rebela-se incansavelmente contra a pobreza criada pelos europeus, tendo ainda que enfrentar por catástrofes naturais gravíssimas, como a do terremoto em 2010, que devastou todo o pais e deixou mais de 100 mil mortos. A essa tragicidade se somaria o surto da cólera que aumentaria, ainda mais, o número de vítimas, enquanto fragilizava duplamente a nação. Infelizmente, no dia 04 de outubro deste ano, o furacão Matthew, durante três dias seguidos, devastou o Haiti deixando mais de mil mortos atingindo especialmente o Departamento Grand’Anse, Nippes, Sul, Sudeste, Nordeste, Artibonite e algumas cidades interioranas outros Departamentos. A necessidade bate, outra vez, à porta do Haiti. A solidariedade, igualmente, se estende aos haitianos como mãos amigas e fraternais.Nesse sentido, nós, haitianos/as que estamos no Brasil e os amigos/as brasileiros/as gostaríamos de nos juntar a essa rede de solidariedade ao HAITI, de alguma forma. Então, surgiu a ideia, através do estudante da UFPB Jugniord Fleurime, residente na cidade de João Pessoa, de criar um Comitê de Solidariedade ao povo Haitiano – através da UFPB, de seus Professores e Estudantes. Assim, foi lançada uma campanha intitulada com o lema da Bandeira Haitiana “A união faz a força”, e cujo subtítulo sublinha o sentimento brasileiro: Nós também somos Haiti. Tal Comitê, espera, sobretudo, arrecadar donativos e reforçar, simbolicamente, os laços de amizade entre o Haiti e o Brasil.
Contatos:
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(83) 988051337-Clareana
Equipe organizadora da comissão:
Jugniord Fleurime: Graduando em Engenharia Civil (UFPB)
Clareana Cendy Borba De Lucena: Graduanda em Pedagogia (UFPB)
Wilma Martins de Mendonça: Professora de Lettras da UFPB
Ana Paula Romão: Professora de Pedagogia da UFPB
Petervens Dumas: Graduando em Medicina (UFPB)