O funk é uma das expressões da herança negra no Brasil, e é por isso que assim como gêneros que partiram da mesma matriz diaspórica, como o samba no início do século XX, que teve como alvo de grande perseguição aqueles que hoje são considerados ícones do ritmo, que sofre com a criminalização por parte da mídia hegemônica, as elites dominantes e o próprio Estado. Por trás dessa criminalização do funk, há implícito à criminalização da pobreza e do corpo negro, sujeito que historicamente foram ignorados no processo de construção da nação. E hoje, mesmo o funk ganhando o mundo na voz de vários artistas, sendo reconhecido mundialmente e trazendo enorme retorno cultural e financeiro ao Brasil, estando presente em eventos de enormes proporções como o “Rock In Rio”, há uma condenação especificamente à base do funk, que é favela. O som de preto e de favelado, que toma o asfalto na mesma proporção que viraliza em plataforma de streaming, é alvejado por tiros de fuzis em sua manifestação mais orgânica: os bailes de favela.
O baile funk, antes da pandemia já era alvo de operações violentas e marginalização da mídia, que aplaude grandes espetáculos que o gênero marca presença, mas transforma em banditismo quando este está associado ao seu lugar de origem, os becos e vielas das favelas dos centros urbanos.
A pandemia do novo coronavírus, atinge a população de forma letal e racializada: negros morrem mais que brancos, segundo estudos do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde da Puc, tem aspectos socioeconômicos como principal fator dessa discrepância. Garantir a segurança alimentar daqueles que estão neste grupo de risco é fundamental para a garantia de direitos, do direito à vida.
Com as medidas de isolamento social, os bailes funks tiveram de suspender suas atividades, que ainda não possuem previsão de retorno, e todos àqueles que tinham sua fonte de renda diretamente ligada a este evento, estão sendo prejudicados. O Baile do Jaca, conhecido por seus hits que são sucessos no Brasil inteiro,e que acontecia 3 vezes na semana na favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro e era motor central de uma movimentação financeira que garantia o sustento de centenas de famílias do morro.
O Baile do Jaca é mais que um evento do funk, é o motivo para comprar uma roupa nova na tradicional Amaro Rangel, o aquecimento na Wisqueria do Dedé, o corte de cabelo atualizado na dezenas de barbearia, é a fonte de renda dos barraqueiros, DJs, equipes de som e montadores que fazem o evento acontecer e movimentam o capital da Favela do Jacarezinho e garante comida na mesa. Com a pandemia, cerca de 30 profissionais que estão diretamente ligados à produção deste evento estão sem qualquer fonte de renda e sem perspectiva de retorno, já que embora haja uma flexibilização estatal, há uma consciência social por parte dos organizadores do evento de que o retorno sem a segurança sanitária necessária, já que não há medicamentos ou vacina para o COVID-19 e a iminência dos dados acerca de maior risco de morte para grupos em vulnerabilidade social, é letal para a favela.
Com isso, o LabJaca em parceria com o Baile do Jaca está organizando uma arrecadação coletiva para garantir a segurança alimentar e o sustento de 30 famílias que foram duramente atingidas com a suspensão do Baile do Jaca, tendo como recompensa e comemoração dessa vaquinha uma live exclusiva para celebrar a vida e gritar “Liberdade para as favelas”.
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Baile do Jaca é cultura, lazer e fonte de renda!