Na vida, busquei estar em movimento, praticando esportes, cultivando amizades, buscando conhecimento, desenvolvendo o profissional e construindo algo que fizesse sentido para mim e consequentemente para meu entorno. Também dei muitos pulos no vazio, viajei muito por minha mente.
Mas dessa forma, pude entender que é no vazio que o voo acontece e que, evoluímos quando caminhamos por terrenos desconhecidos. Hoje? Continuo dando minhas voltas pelo vazio, assim percebo o que ainda posso preencher e qual será o conteúdo agregado. O passado fica na memória, na experiência e o que vem pela frente é o que fará diferença na nossa existência. A alegria pode ser encontrada sem sofrimento.
Enfrentar uma doença agressiva num dos momentos mais agitados da vida, não é o que eu esperava. Penso que ninguém espera por isso. O câncer surgiu e se desenvolveu, aos meus 24 anos de idade. Hoje tenho 29 anos. Meu braço direito foi o alvo inicial. Eu agi de várias maneiras para atacar e eliminar, aquilo que iria me atacar, mas que eu não deixaria que me eliminasse. Lembro que, quando o médico nos informou sobre os passos do tratamento, pensei: vamos nessa! Nesse momento, me questionei se estava agindo na passividade ou descobrindo a virtude da coragem, que ocupa um espaço latente dentro de mim.
Assim iniciava-se uma maratona em busca da cura. Sessões de quimioterapia, cirurgias frequentes e radioterapia, passaram a fazer parte da minha rotina. Também percebi que essa seria uma grande oportunidade para curar de dentro para fora. Rever minhas atitudes, pensamentos e equilibrar as emoções. Nesses 4 anos, desde o diagnóstico de Osteossarcoma (2016), um câncer raro que acomete as células ósseas, alternei entre altos e baixos. Passei pelos indesejáveis efeitos colaterais do tratamento com quimioterapia e pelas questões psicológicas: noites sem dormir, dias sonolentos, ausência de apetite, fadiga e medo. Senti medo. Hoje, entendo que o medo é a base do cume da montanha. Passando por ele, o topo fica alcançável. Zelei em não me esconder por de trás das emoções e de fato aceitar que aquilo estava acontecendo comigo. Entrei com sede ao pote. Enfrentei o que chegava até mim.
O tempo foi passando e no início de 2019 eu tinha vários planos, alguns deles ainda tenho. Vivi um período bem bacana, de novos movimentos. Mas um pouco depois, na metade de 2019 o tratamento não surtiu mais efeito. Foi então que em poucos meses entrei em uma fase delicada, estava morrendo aos poucos. Os remédios para dor, que eu usava em casa, já não eram mais suficientes e uma longa internação hospitalar estava para acontecer. Desorientado e debilitado, fui internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Foram 21 dias na CTI e outros tantos no quarto, para controle da dor. Além do braço estar em estado delicado, com uma lesão de grande volume no ombro, meus pulmões apresentavam metástases. Na CTI tomei drogas pesadas para controle de dor e sedação, mas permaneci acordado na maior parte do tempo. Observava tudo o que acontecia naquele espaço. Reconheci que a cura também acontece na observação. E aquele era o lugar mais seguro para se estar naquele momento. Foi um ambiente de extrema humanização. Pessoas maravilhosas cuidaram de mim. Me ver naquela situação e ter a noção de que eu estava vivendo uma finitude ou de fato uma transformação, foi o impulso necessário para poder escolher com convicção: morrer ou desarticular o ombro direito? Na hora aceitei a amputação, eu queria uma transformação. Mesmo sabendo que seria uma adaptação delicada e que a dor não acabaria alí, já que os traumas poderiam se desenvolver, eu quis viver. A vida vale a pena ser vivida. Sentir a vida é a cura. Na mesma cirurgia de amputação, meu pulmão foi operado.
Logo que acordei da cirurgia, senti como se o braço ainda estivesse ali. Nesse momento conheci a dor fantasma, essa que permeia até hoje. Já tenho uma aceitação maior com isso. Eu sinto o braço, mas ele não está. No início era confuso, hoje é de certa forma, engraçado.
Diante da expectativa de melhora, me antevi aos prognósticos e com dedicação, fisioterapia, psicoterapia e acompanhamento médico estou passando por tudo isso. A caminhada da adaptação é desafiadora, mas também é muito linda. Sentir-se espiritual dá forças.
Agora, estou em busca de uma prótese biônica de braço direito, para auxiliar no equilíbrio do corpo, na correção da coluna, nas tarefas diárias, no trabalho, na vida. Também para me auxiliar na prática de esportes, como o ciclismo.
Porém, temos mais um desafio, já que junto com o braço foi amputado o ombro, a clavícula e a escápula. São poucas empresas que fazem esse tipo de prótese biônica no Brasil. A prótese biônica me dará autonomia para movimentar os dedos da mão, o punho, o cotovelo e o ombro, possibilitando por exemplo, carregar as compras do mercado utilizando a prótese. Contudo, os orçamentos são altos, com valores variando entre R$250mil e R$ 500mil. Valores que modificam conforme o dólar. O SUS não oferece prótese biônica. O Sus oferece as próteses estéticas e mecânicas, que são pouco funcionais para esse caso. Mesmo assim, estou indo atrás deste benefício do Sus. O plano de saúde não autoriza, já que não é uma prótese cirúrgica.
Criei essa vakinha para arrecadar fundos para a compra da prótese biônica e assim ter ainda mais autonomia. Estou em busca da prótese biônica mais acessível, mas com boa funcionalidade. Ainda há custos de tratamento, fisioterapia e adaptação da prótese.
Criei esse poema, ainda no hospital. As coisas simples importam muito e são possíveis de qualquer maneira!
Eu só quero....
"Eu só quero andar de bicicleta,
cortar o abacaxi,
abrir o pote de açaí.
Eu só quero pilotar a caranga,
descer a cachoeira,
subir num pé de pitanga.
Eu só quero fazer música,
abraçar vivendo o agora,
e sair por aí cantando,
como um pássaro aquarela.
Também quero agradecer,
a esse universo que me faz crescer,
sem esquecer do ontem,
mas vibrando no hoje de cada amanhecer."
Por esse motivo, peço o auxílio de vocês, para contribuírem, com a quantia que puderem, e caso não seja possível, peço que me ajudem a compartilhar a vakinha :)
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Valteno Henrique Brunetto
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VALOR ARRECADADO COM TODAS AÇÕES, ATÉ O MOMENTO: R$ 100MIL.
Sou grato pela colaboração de todos! Esse recomeço está sendo especial.Mesmo com metástases e novos tratamentos pela frente, não desistirei do objetivo da prótese, já que acredito, com fé, que a cura definitiva irá acontecer e que a prótese chegará no momento certo!
Abração, Valteno Henrique Brunetto Nova Petrópolis/RS - Brasil
Algumas imagens de antes, durante e pós tratamento: