Já pensou em como pessoas cegas e com baixa visão consomem notícias? E quando essas matérias possuem gráficos? Eu sou Rodrigo Cunha, professor e pesquisador da UFPE, e minha pesquisa trata de acessibilidade de gráficos no jornalismo para pessoas com deficiência visual, o qual explico mais abaixo. Será realizado a partir de setembro de 2022, na Universidad de Málaga, na Espanha.
Apesar de conseguir uma bolsa de estudos, que me ajudará com aluguel, alimentação e transporte, terei de arcar os custos dos primeiros dias de pesquisa, pois devo começar a receber apenas depois de um mês. Devido aos cortes orçamentários nas universidades públicas, infelizmente não há recursos, somado ao problema da inflação, alta do dólar/euro e da defasagem salarial.
Qual é a pesquisa?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2019), a deficiência visual afeta ao menos 2,2 bilhões de pessoas no mundo, sendo quase 7 milhões de pessoas só no Brasil, de acordo com o PNS/IBGE (2019). Por outro lado, somos bombardeados de dados e informações gráficas — a exemplo da cobertura da COVID-19 — que, infelizmente, não olham para esse público.
Meu projeto de pesquisa, chamado DATOUCH, quer enfrentar o problema desenvolvendo a visualização de dados mais inclusiva e trazendo para o jornalismo algo que já é desenvolvido há algum tempo pelo design e pelos programadores.
Além de palestras e capacitação com jornalistas e demais profissionais na Espanha e no Brasil, o projeto prevê contato com associações de pessoas cegas e com baixa visão, para entender os principais problemas na leitura das informações gráficas, e o aperfeiçoamento de diretrizes para converter a visualização de dados em propriedades táteis e sonoras.
Quais os custos?
O custos foram calculados com base na experiência anterior (estive na mesma universidade entre 2013 e 2014 durante o doutorado). Apesar de receber bolsa da Universidad de Málaga, somente receberei após o primeiro mês de trabalho. Com a impossibilidade de conseguir recursos via empresas e na própria universidade, terei de custear os primeiro mês por conta própria.
Os custos calculados em euro e convertidos em real, no total de 12 mil reais:
O valor da passagem não foi incluso, pois a Universidad de Málaga ressarcirá o valor nos dois primeiros meses de estadia.
Retorno para a sociedade
Todo o andamento da pesquisa será divulgado por meio de um site acessível, atualizado ao longo do ano, e os artigos resultantes da pesquisa serão publicados em acesso aberto, conforme as práticas de ciência aberta da União Europeia. A solução precisa ser rápida, barata e acessível também para adoção das empresas jornalísticas.
A pesquisa também contará com a contribuição da estrutura de pesquisa da universidade, na difusão de conhecimento, produção de pautas para meios de comunicação, uso de redes sociais, participação de eventos organizados em escolas e associações, além de parceria com a indústria para o desenvolvimento de protótipos e soluções.
Segue aqui para ler minha pesquisa na íntegra (em espanhol).
Rede de Pesquisas
O projeto está inserido no Projeto #AcessoJor, com pesquisadores de diversas universidades brasileiras e do exterior; além do SEJ612 - Media & Data Innovation Observatory (Universidad de Málaga) e do projeto i+D+i “Impacto de la desinformación en el periodismo: contenidos, rutinas profesionales y audiencias”.